[ENTREVISTA COM ADRIANO TIBECO] “Estou 50% fora e 50% dentro do PSDB”

O atual presidente do PSDB de Penha, o ex-vereador e ex-secretário de Educação, Adriano de Souza, o Tibeco, concedeu esta entrevista ao Notícias de Penha na manhã desta quinta-feira, 17. Adriano fez uma avaliação do governo do prefeito Aquiles da Costa (MDB), disse que vai deixar a presidência do partido em março e adiantou que está prestes a definir a sua vida política na cidade.

Adriano comentou sobre a prisão do ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB), em 2018, e como este fato afetou o partido na cidade. Confira a entrevista concedida ao jornalista Raffael do Prado.

Notícias de Penha: Como estará o PSDB de Penha em 2020?
Adriano Tibeco:
Final de março agora teremos a convenção municipal do PSDB e hoje é um pouco cedo falar de 2020. Quero esperar a convenção, porque iremos estipular um meta para o próximo ano. O que posso afirmar é que o PSDB terá uma torre de vereadores: 11 homens e 5 mulheres. Isso é fato. Nós temos uma militância ainda grande, apesar de a turma estar um pouco espalhada, já que estão tocando as suas vidas desde a última eleição. A questão majoritária, ainda é cedo para eu me posicionar. O que a gente está aguardando é um cenário em 2019, observar como o atual prefeito [Aquiles da Costa/MDB] vai findar este ano. Há uma perspectiva de que o governo comece a deslanchar em 2019, com muitas obras. Se a gente perceber que há uma possibilidade de o PSDB estar na majoritária em 2020, o partido terá candidato sim. Mas este projeto será apresentado à população, caso ocorra, no início do 2020. Hoje o projeto do PSDB é trabalhar na proporcional: buscar e trabalhar com lideranças.

NP: O ano de 2019 é decisivo para todos, tanto para o governo quanto para oposição. A gente já percebe que alguns nomes começaram a surgir no meio político, pessoas com intenções de concorrer a prefeito. A novidade é o PSL: o partido elegeu o presidente da República e o governo de Santa Catarina. Essa onda do 17 terá efeito em Penha?
Tibeco:
O PSL foi uma avalanche, mas passou. Foi boa para o Brasil e para o estado. Foi o caminho que o povo encontrou para ter mudanças. Concordo com tudo isso. Porém, temos que observar como os governos do estado e o federal irão trabalhar. Sobre Penha, acredito que a cidade pensa diferente. Penha é bairrista e vota no candidato e não no número. É claro que o PSL tem toda liberdade para lançar um candidato bacana, carismático e com trabalho na cidade. O PSL está crescendo na cidade, filiando pessoas. Mas é o tempo que vai nos dizer se vai dar certo ou não.

NP: Em 2018, o ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes e ex-integrantes do governo tucano foram presos em uma ação que investiga supostas fraudes e irregularidades envolvendo contratos da Saúde. Esse fato acabou maculando a imagem do Evandro e do partido na cidade. Isso pode interferir de maneira negativa para o PSDB em 2020?
Tibeco:
Temos duas situações que ainda vão desenrolar. Acredito que até o mês de maio a gente já tenha as definições tanto do caso da prisão, quanto das contas de 2016, que provavelmente virão para rejeição na Câmara de Vereadores. Logicamente que a prisão do Evandro incomodou muito o PSDB, a militância, já que ele é o grande líder do partido na cidade. Sobre a questão das contas, nós trabalhamos com a expectativa de que sejam aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC). Já quanto à prisão, estamos aguardando o encerramento do inquérito policial. Ainda há pessoas sendo investigadas. Para nós, a prisão do Evandro foi por uma questão de investigação e não que ele seja culpado. Olhando os autos do processo a gente pode entender que poderia ter ocorrido outro tipo de procedimento, ao invés da prisão. Podia chamar para um interrogatório, enfim, existiam tantas possibilidade que não a prisão. Eu prezo pela justiça e reconheço o bom trabalho do Ministério Público.

NP: Caso as contas de 2016 sejam rejeitadas na Câmara, o Evandro ficará inelegível por 8 anos, abrindo caminho para que um novo líder tome a frente do PSDB de Penha. Seria você este novo líder do partido na cidade?
Tibeco:
Eu costumo dizer que sou candidato a alguma coisa em 2020. Pelo menos, a secretário municipal. Minha vida está aqui na Penha. Eu tive oportunidade de trabalhar efetivamente na Assembleia Legislativa (Alesc), de ir embora para outra cidade, mas eu não quero. A minha está aqui. Eu respiro prefeitura, onde sou servidor público há 16 anos. Fui secretário de Educação por mais de um ano. Naturalmente, algumas lideranças começam a surgir e a se firmar na cidade. É claro que na minha posição, de presidente do PSDB, estou nas casas conversando com moradores e visitando muita gente, buscando novas lideranças. Temos na Câmara de Vereadores de Penha duas grandes lideranças: os vereadores Luizinho [Luiz Américo Pereira/PSDB] e Juju [Jesuel Francisco Capela/PSDB]. Se ocorrer alguma situação em relação ao ex-prefeito Evandro, teremos que reavaliar o caminho para 2020. Hoje eu trabalho como assessor parlamentar do deputado estadual Vicente Caropreso (PSDB) e eu tenho que ver também como vai ficar a situação do PSDB no estado. Existe uma possibilidade de o partido estadual se juntar com outro partido, formando uma única sigla, em razão da Cláusula de Barreira [que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um percentual de votos. Essa exigência de votação mínima pode ser feita pela legislação eleitoral de diversas maneiras]. Se o deputado Vicente for para o PC do B, eu vou também. Então estou avaliando todas as situações e cenários, mas estou à disposição do partido.

NP: Qual a tua avaliação desses dois anos de governo Aquiles na prefeitura de Penha?
Tibeco:
Não tenho nenhum tipo de problema com a figura do prefeito. Sempre me dei muito bem com o Aquiles, fomos grandes amigos. A política que nos separou. Foi a ele quem eu apresentei primeiro a minha esposa e ele fez o mesmo, me apresentando a esposa dele. Já fomos grandes amigos, mas na política temos que escolher lados. Eu tive problema com pessoas ligadas a ele. Sobre o governo: o problema é que, em campanha eleitoral muitas coisas foram prometidas, e agora precisam ser cumpridas. Eu não preciso falar: as pessoa sabem. Foram prometidas várias obras, um choque de gestão, uma transformação na cidade. E tenho certeza que quando o Aquiles sentou na cadeira de prefeito, ele percebeu que a administração do PSDB não era tão errada como eles diziam. É difícil administrar uma cidade, há muitos problemas. Na hora de encarar, a coisa é diferente. Foi prometido tirar o alagamento do Baiano [ao lado da Praça do Baiano, em Armação]. Não foi ainda porque tem que rachar a rua de fora a fora e naquilo ali vai muito dinheiro. Na prática, a coisa funciona diferente. Eu torço para que as coisas acontecem, já que o povo merece e confiou; foram quase 10 mil votos [Aquiles foi eleito com 61,51%, totalizando 9925 votos], não foi uma votação qualquer. Temos a questão agora do repasse dos impostos que parque, com um incremento de 7 milhões de reais por ano no orçamento da cidade. Dá pra fazer bastante coisa. Mas se chegar dezembro de 2019 e a coisa não acontecer do jeito que o povo espera, vai ser complicado para ele. Virão as cobranças e o Aquiles será medido na eleição de 2020. Se fez ou não um bom governo. O povo espera muito dele, foi criada muita expectativa. Eu até brinco que o Aquiles não precisava prometer coisa que ele prometeu, já que estava com um campanha muito bem pavimentada.

NP: Quanto à Câmara de Vereadores de Penha, qual tua avaliação do trabalho do parlamentares?
Tibeco:
Falta um trabalho melhor por parte de todos que estão lá. Vejo algumas tentativas em ambos os lados, mas o que me chama mais atenção é o silêncio da vereadora Juraci [Maria Juraci Alexandrino/MDB]. Uma vereadora com um primeiro mandato combativo e que hoje se cala frente aos problemas que surgem na atual administração. A vereadora que se diz representante dos professores simplesmente abandonou as demandas da educação. Era a paladina da justiça e hoje não faz a menor diferença no Legislativo. Já quanto à oposição, acredito que dá para melhorar muito. Eu percebo uma atuação mais forte do Silas [Silas Renato Antonietti/PSD] e do Luizinho, na cobrança de ações por parte do governo. Mas ainda é tudo muito tímido.

NP: Retomando um pouco a questão do PSDB de Penha e avaliando a nossa conversa até aqui, não ficou muito claro qual o teu futuro no partido. Fica? Sai?
Tibeco:
Sou presidente do partido até 29 de março. Não venho à reeleição, não tenho nenhum interesse nesse momento. Estou 50% dentro do PSDB e 50% fora. Vou aguardar o desenrolar dos acontecimentos neste começo de ano e acredito que até o mês de julho eu defino minha vida política: se fico ou saio do PSDB. Não sei para onde iria, não vejo um caminho para mim ainda. Primeiro passo é entregar a presidência do partido. Hoje ninguém me segura no PSDB.

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